Antes eu rezava com palavras escorridas do pensamento.
Engatinhei isso dos berços do meu nascedouro.
Mas o mestre e sábio tempo me converteu a abdicar desses paramentos, despertado por préstimos diferentes, que passaram a reger-me.
Então me converti às orações desiguais.
Ímã de uma paz ancha.
Não funciono no mecânico.
Não aconteço mais em acontecimentos que não dizem respeito aos meus dedentros.
Não aconteço a pedido.
Funciono no sentir.
O que não sinto não funciona.
Não opera em mim orações que não jorram dos sentimentos.
Sou dos que só acreditam no que chega ao cérebro pelas retinas.
Para mim há visões mais poderosas e extasiantes que as ditas orações fortes.
Hoje mesmo rezei-me todo de um cardeiro em flor.
Exerci minha reza de apreciar.
Pus-me a me impressionar desse cardeiro em situação de florescência.
Brotou-me um sentimento tão poderoso que quedei-me a registrá-lo em filme, indiferente a tudo, contrito, absorto numa oração de flor.
Em vão me falam quando estou nesse estado de natureza, entorpecido de uma paz singular.
Ela espicha a vida, torna-nos longevos...
Todos os meus sentidos estão convergidos nessa oração.
São desses os meus rezares…
Tenho certeza absoluta que, dos
pecadores, sou o mais santo do mundo.
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