O sangue dos escravos fortaleceu a terra dorida de mães e pais pretos...
O suor dos cambiteiros nutriu o melaço dos engenhos, sob amargor dos chicotes impiedosos...
Gemidos, choros, gritos, clamores...
Sinhazinhas e 'dotozinhos' estudavam na Europa, moucos...
No oratório de jacarandá regado a santos, inhazinha rezava,
Enquanto o nhozinho fornicava a pretinha no quarto ao lado,
Era o senhor da casagrande e de todas as grandezas...
Quase-Deus...
Ao meio dia o engenho apitava a hora da merenda..
Preto, milho,
Sinhô, peru...
Às dezoito horas o campanário soava a hora do Angellus...
A carruagem passava passadiça ,
Pesada de pecado.
O nhozinho ia rezar,
A inhazinha ia rezar,
A preta ia rezar seu choro...
E o baobá olhava, mudo qual a preta...
Esdrúxula árvore de flores nascidas de cabeça para baixo,
Testemunha de tudo,
Tocaia de assassinato de prefeito...
O que mais testemunhou?
O que testemunha hoje?
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