IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DO Ó SOFRE REFORMA SEM PROJETO
DE ACOMPANHAMENTO DE PROFISSIONAIS DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO
Sexta-feira,
14.11.14, pela manhã, estive na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó, movido por
um telefonema que recebi, na noite anterior, de uma nativa, preocupada com a
reforma do templo. O prédio é o exemplar mais antigo de Nísia Floresta. Peça
única do século XVIII, com sua arquitetura praticamente intacta. Depois desse
telefonema não dormi mais. Que país é esse onde um padre não tem o devido olhar ao patrimônio histórico. Imagine as pessoas que não estudaram... Desde 2009 denuncio a descaracterização dessa igreja, uma das mais ricas e originais do Rio Grande do Norte, mas ninguém faz nada.
Não
acesso as mídias de Nísia Floresta e São José de Mipibu (acaso o assunto aqui
tratado já tenha sido neles abordado), portanto foi surpresa tal “reforma”.
Chegando à “obra” fui bem recebido por um trabalhador que, não perguntei, mas
pareceu o mestre. Sem que eu o indagasse, ele explicou-me como estava ocorrendo
a retirada as telhas, do forro e do madeiramento.
Por
uma questão de educação, não entrei em detalhe sobre a indignação que senti ao
ver se descortinando aquele cenário absurdo . Até porque não havia muito o que
conversar com a equipe que conduzia os trabalhos etc.
Eles foram
contratados para fazer o serviço e estavam ali exercendo o seu mister. Não é regra
que devam entender peculiaridades da história, nem as metodologias exigidas
para reforma de patrimônios históricos. Nísia
Floresta tem muitas pessoas esclarecidas, que poderiam ter dado rumo diferente
a essa fatalidade. Senti falta delas.
Falamos
do prédio mais antigo do município, erigido em 1735 e sua parte mais significativa
concluída em 1755 (conforme um velho manuscrito que creio ainda se encontrar na
Matriz). Não estamos falando de uma casinha de palha construída no “leirão” do
engenho São Roque feita pelo “Seu Zé Preá”.
Para
os equivocados, a minha atitude pode denotar “estar atrás de confusão” etc. Nada disso! Revolto-me pela ausência
de providências essenciais, que deveriam ter ocorrido antes da retirada de
única telha. Faltaram reuniões com a participação de engenheiros civis e
arquitetos especializados em patrimônio histórico, museólogos, estudiosos da
história local e pessoas que sabem o valor daquela construção de 280 anos.
O
primeiro passo seria chamar uma equipe especializada no assunto, pois reformar
algo excelso como a Sagrada Matriz de Nossa Senhora do Ó, prediz-se cuidado
minucioso e extremado.
O piso, de azulejo
hidráulico, deveria ser revestido inteiramente por lona grossa para não ser
danificado; as imagens teriam que ser retiradas por equipe cuidadosa e guardada
em lugar seguro. Foi inacreditável ver imagens raras, dignas de atenção
minuciosa, ainda nos nichos, sob sol, vento, pó, fagulhos... e até mesmo
acidente, pois peças de madeira podem despencar e atingi-las.
NICHOS PERMANECEM COM AS IMAGENS CENTENÁRIAS EXPOSTAS A TODO TIPO DE DANO |
Os nichos deveriam
ser guardados da mesma forma; as peças fixas de madeira de lei, com detalhes
folheados a ouro deveriam ser encobertas por plástico de bolhas de ar (para
impedir que partículas e entulhos agridam a película do referido metal). Há um
procedimento rigoroso que faltou aos trabalhadores que ali estão, os quais não
têm culpa, pois não existe acompanhamento competente por parte de especialistas
na área histórica.
Diante
da significação histórica desse templo, todos os elementos retirados da sua
estrutura, seja uma pedra, uma linha de ipê, um pedaço de viga, uma dobradiça,
um prego, uma telha, uma tábua de forro, devem ser minuciosamente inspecionados
por especialistas para análise sobre sua reutilização, restauração, e o retorno
- ou não - para o lugar original.
Pessoas
equivocadas, que veem algumas peças retiradas da Matriz como “coisa velha”,
“feia”, “descangotada”, “inválida” etc – portanto necessitadas de serem
“jogadas no lixo” – devem se conscientizar que são peças únicas, que não podem
ser manuseadas nem descartadas sem rigorosa análise (mesmo um pedaço
aparentemente inválido de madeira).
Tudo o que está ali são
pedaços de homens e mulheres, escravos, índios, enfim da comunidade católica
que há séculos, arrastou com as maiores dificuldades do mundo, peça a peça para
ser ali colocada, sem imaginar o que aconteceria no futuro.
É inacreditável que o
coração da história de Nísia Floresta esteja sendo flechado pelo instrumento
mais deplorável de um povo: a ignorância.
Observei
que existem pontos extremamente críticos na estrutura de madeira, podendo
culminar com futuro desabamento. As fotos comprovam. Mas nada justifica o que
está acontecendo.
Há muito tempo que as
estruturas da igreja revelam necessidade de reforma. Isso não é de se estranhar,
mas o grande segredo chama-se programação com devida antecedência. Nada deve ser acrescentado mais nessa igreja. Ela só necessita de manutenção e restauração. Mas não é o que ocorre. Cada um que passa por ali faz reforma ao seu bel prazer...
Não precisa muito
raciocínio para saber que mexer numa igreja desse porte exige mil olhares,
inclusive de autoridades em Patrimônio Histórico.
O
povo nisiaflorestense precisa da garantia de que os novos materiais ali
repostos – impossíveis de serem preteridos – sejam de madeira de lei. E para
isso necessita-se de uma programação muito antecipada, pois gera despesa
altíssima. A não ser que se queira substituí-los por pinus/eucalipto.
Nísia Floresta é um
município humilde. A maioria dos católicos não têm condição de custear despesa
desse porte. A dificuldade de arrecadação é grande, portanto precisa de
programação. Já participei de várias e sei como é.
Lembro-me,
em 1992, quando o Padre João Batista Chaves da Rocha convocou o povo de Nísia
Floresta para programar a reforma do citado templo.
Um ano antes de se
mexer em qualquer detalhe da Matriz, foram convidadas os mais respeitáveis
entendedores do patrimônio histórico.
Houve,
posteriormente, de forma deliberada e programada, a organização de eventos para
angariar fundos no próprio município, mas o grosso da reforma veio de
incontáveis empresas privadas do Natal, pois o referido sacerdote empreendeu
verdadeira via-sacra para arrecadar recursos muito antes de deflagrá-la.
Muitas empresas de
Natal, Parnamirim e São José de Mipibu fizeram consideráveis doações. Somado a
isso foram feitos pedidos de doações às famílias mais ricas do Rio Grande do
Norte.
A reforma também abrangeu
variadas restaurações, desde as portentosas linhas de ipê, colocadas ali há
mais de duzentos anos, pelas mãos cuidadosas de marceneiros que as esculpiram à
mão, aos moveis de cedro, mogno e outras madeiras nobres, além de restaurações
de diversos objetos, imagens, inclusive com banhos de ouro puro, recuperação
dos adornos de madeira de lei que embelezam as naves principais, cristais etc.
Aquela reforma significou
um marco devido à dimensão, e porque o povo participou e foi provocado a
participar. E todos os passos foram acompanhados por doutores no assunto. Cada
detalhe original ficou intocável. Não se modificou nada que não tenha integrado
a planta original de 1735.
Observei que a nave
central está totalmente descoberta. Está ao relento. Se acaso chover (que Deus
não permita isso), teremos uma tragédia histórica em Nísia Floresta, pois as
paredes são feitas com pedras, barro amassado com cinza e sangue de baleia. Não
há como a parede suportar o encharcamento, podendo ruir.
O procedimento
correto para a reforma do teto é destelhá-lo a cada três metros, recompondo-o
com os materiais pertinentes e assim sucessivamente, a cada três metros, tendo
disponível mediante chuva, um esquema de lonas especiais, muito bem amarradas
para não voar. Isso evita a infiltração de água pluvial. O espaço destelhado e
sem madeiramento – como se encontra hoje – dificulta a cobertura com lona. Diante
disso a igreja deve ser totalmente esvaziada, desde as imagens aos bancos.
Não me importo com
quem não vai gostar deste texto, alegando bobagens, tipo “ele queria que desabasse na cabeça do povo” ou o que quer que seja.
O meu ponto de vista está
explicitado acima, pois, diferente daqueles que são dados à apócrifos, costumo
assinar meus escritos. Não o faço por rebeldia ou heroísmo, mas por abominar a
forma equivocada dessa reforma. E não tenho medo ou receio. Ainda não nasceu
quem me faça senti-lo. Ademais, não ajo por qualquer razão má.
Há pessoas que se
rasgam em elogios de corpo presente – para agradar – mas, intimamente abominam
o que elogiam. Estas, elogiam apenas para cultivar, não diria uma amizade, mas
o poder de outrem.
Tenho impressão que
Paulo Heider, Hélio de Oliveira (ambos da Fundação José Augusto), o Departamento
de História da UFRN, e o IPHAN-Natal não estão sabendo dessa reforma.
Perguntei sobre o
administrador da Paróquia de Nossa Senhora do Ó, disseram que não estava no
município naquele momento.
Deixei a Igreja
Matriz de Nossa Senhora do Ó de Nísia Floresta, sábado passado, muito abalado,
pois nunca imaginei que uma das construções mais antigas e bem conservadas do
Brasil pudesse receber tratamento tão equivocado. Não pensem que vou agir com
apostasia meramente pelo fato de me sentir revoltado. Pelo contrário!
A reforma realmente é
necessária, mas é inconcebível – em pleno século XXI – se ignorar a metodologia
correta de se lidar com o Patrimônio Histórico.
Por falar nisso, o
que vão fazer com as telhas de mais de cem anos que estão no quintal da Matriz,
muitas já esmigalhadas? Em 1992 todas foram arriadas – uma a uma – deslizando
num mecanismo de tábuas, aparadas por um colchão velho.
O que farão com as
imensas linhas de ipê de mais de duzentos anos que inacreditavelmente dizem que
vão tirá-las? Espero que os nativos não saiam com eles nas costas para arder
suas trempes. Soube que mudarão a posição do forro! Essa decisão parte de que
tese? Todos poderiam concordar se tivesse fundamento histórico. Com a palavra
Paulo Heider (mas cadê ele?).
Não
acredito em má fé de qualquer pessoa ligada direta ou indiretamente à reforma,
mas o senso comum não pode sobrepujar o conhecimento e a cientificidade perante
uma peça de incalculável valor histórico. Não há o que se discutir diante disso.
O fato de quem quer
que seja não ter sensibilidade educacional, cultural e histórica, seja pedreiro
ou quem quer que seja, não pode ser justificar tamanha insanidade.
Penso que os
seminários pecam por não oficializar uma disciplina sobre o trato com o
patrimônio histórico. Se houvesse tal cuidado não veríamos tantos equívocos
praticados pelos próprios sacerdotes.
Foi nesses conformes que
uma igreja secular, muito maior que a de Nísia Floresta – e de extraordinária
beleza arquitetônica, foi demolida no início do século XX em Santa Cruz/RN para
dar origem a um templo tosco e frio.
A
Igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó de Nísia Floresta não pertence a um grupo
ou a uma pessoa. Ela é de todos, portanto todos devem ser convocados (seja
através das missas, das redes sociais, dos Correios, das emissoras de rádio
etc) para deliberar a forma correta de empreender reforma e restauração.
Onde
está o povo de Nísia Floresta?
Onde
está o Bispo de Natal?
Onde anda o
conhecimento?
NICHOS PERMANECEM COM AS IMAGENS CENTENÁRIAS EXPOSTAS A TODO TIPO DE DANO |
Meu caro Professor Luiz Carlos, eu lhe pergunto: Por onde anda você?
ResponderExcluirNão seria você a pessoa indicada, como conhecedor de todas as etapas de uma reforma do nosso patrimônio histórico, a chegar e se colocar a disposição para que uma obra urgente e necessária ocorresse com o menor risco possível? Ou você prefere no lugar de agregar conhecimento/valor esperar pelos órgãos governamentais que não cuidam nem do que já é tombado?
Convenhamos meu caro professor, mesmo não tendo conhecimento da causa, uma vez que só agora estou lendo em seu blog como denuncia, e vejo pelas fotos publicadas, que se não fosse à união da paróquia/comunidade para que as obras fossem iniciadas e tivessem ficado esperando pelo IPHAN/UFRN/FJA/CREA com a burocracia que lhes é peculiar, com certeza muito em breve teríamos de fato uma tragédia na nossa cidade.
Na cultura conservar é preciso, professor. Agregar é preciso, professor. Se cada um de nós, nos juntarmos e cada qual ajudar da forma que for possível, com conhecimento, com ajuda financeira, com campanhas seja lá com que for, talvez, agregando os nossos valores estaríamos finalmente chegando ao bem comum de toda a comunidade.
Pense nisso.
Prezada Mercia Carvalho, boa tarde! Obrigado por sua segunda abordagem no nosso blog. A primeira foi relativa ao resgate da memória de um parente seu, Sr. Vicente Elísio, de saudosa memória e história apaixonante. A propósito, ficaria muito feliz se você tivesse alguma fotografia para enriquecer o trabalho. Você pergunta sobre onde estou. Precisei me ausentar de Nísia Floresta, haja vista os estudos do meu filho que estuda no CEI da Romualdo Galvão. Ficava muito complicado ir e voltar todos os dias. Ele quase não tinha tempo para estudar em casa, pois chegava às vezes, às 16h00. Mas é provisório, até que ele se forme, pois gosto muito de Nísia Floresta e tenho toda uma relação anterior. Sobre saber todas as etapas de uma reforma em nível da Matriz, é modéstia sua. O fato de ter participado de uma (na época do Padre João Batista) e ler muito sobre o assunto, faz com que se aprenda alguma coisa. O que eu coloquei ali foi justamente o que faltou nas etapas percorridas até aquele momento que registrei. (As fotos ‘falam’ por si). Realmente foi inacreditável o que eu vi em termos de exposição do patrimônio histórico. Tudo o que eu perguntava aos pedreiros sobre necessários cuidados eles diziam não ter sido orientados. Sobre se colocar à disposição para ajudar, se alguém da Matriz tivesse me procurado em tempo hábil, jamais me recusaria a ajudar no que estivesse à minha altura. Já o fiz durante muitas vezes. Trabalho o dia todo, mas sempre a gente arranja tempo. Sobre esperar pelos órgãos governamentais, concordo com você, mas me referi a buscar – com muitíssima antecedência – patrocínios. É coisa de um a dois anos. Referi-me, também, ao aspecto de buscar pessoas ligadas ao tema no IPHAN, UFRN e FJA. Não carece necessariamente ser ou não tombada para se buscar pessoas para pensar os caminhos ideais de uma reforma. Esses e outros órgãos possuem pessoas seríssimas que adorariam ajudar. É o meu caso, mas na condição apenas de cidadão comum. O fato de eu ter me indignado não denota nada mais que zelo e cuidado pela Matriz. Mas eu não tenho autoridade nem é da minha alçada perquirir o templo atestando se precisa ou não de reforma. É tarefa d’outrem. Ademais é missão contínua, para justamente postular reforma com a devida antecedência, mediante projeto e busca de patrocínio (conforme expliquei no meu texto). Confesso que não dormi e me senti muito mal com tudo isso. Não é fácil. Alguns até julgam mal. Mas eu tinha a certeza que meu texto causaria mal estar, mas era necessário. Se fui emotivo, não tive culpa, pois quem ama, cuida. Trago um acervo incontável de fotos dessa igreja, desde tempos remotos. Além, obviamente, de outros elementos do Patrimônio Histórico de Nísia Floresta. Sobre a campanha, reconheço e concordo com você no tocante à dedicação dos envolvidos na campanha. Sei na pele o que é isso. Mas, sejamos francos: não é coisa simples a ponto de ser bancado por uma comunidade tão pobre. Houve, e é inegável, uma detecção fora do prazo. Antes de se fazer algo nessa dimensão, deve-se ter muito dinheiro em caixa (oriundo exatamente de um projeto muito anterior). Sobre agregar valores, é sempre o que fiz e continuarei fazendo. A minha atitude em gritar contra o que vi, pode até soar incompreendida por alguns, mas muitos repensarão mil vezes, a partir de agora, quando o assunto for Patrimônio Histórico de Nísia Floresta. Espero! Isso é agregar valores. Mas se agregar valores significa ir em busca de apoios diversos, desde o dia que tomei conhecimento do fato estou fazendo o possível para isso. É isso, Mércia. Quero agradecer a sua abordagem extremamente importante. Um grande abraço!
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ResponderExcluirCaro Professor Luiz Carlos, envio-lhe os dados da Responsabilidade Técnica do Projeto supracitado
ResponderExcluirRRT SIMPLES
Nº 0000002856402
INICIAL
INDIVIDUAL
1. RESPONSÁVEL TÉCNICO
Nome: ANTÔNIO AUGUSTO DA SILVA JÚNIOR
Registro Nacional: A51885-9 Título do Profissional: Arquiteto e Urbanista
2. DADOS DO CONTRATO
Contratante: Paróquia de Nossa Senhora do Ó - Arquidiocese de Natal
CNPJ: 08.026.122/0033-46
Contrato: Valor: R$ 724,00
Tipo de Contratante: Pessoa jurídica de direito privado
Celebrado em: 23/10/2014 Data de Início: 23/10/2014 Previsão de término: 22/12/2014
Declaro que na(s) atividade(s) registrada(s) neste RRT foram atendidas as regras de acessibilidade previstas nas normas
técnicas de acessibilidade da ABNT, na legislação específica e no Decreto Federal n° 5.296, de 2 de dezembro de 2004.
A(s) atividade(s) registrada(s) neste RRT atende(m) ao Programa do Governo Federal, Viver Sem Limites, instituído pelo
Decreto Federal 7.612 de 17 de novembro de 2011
3. DADOS DA OBRA/SERVIÇO
PRAçA Coronel José Araújo Nº: 81
Complemento: Igreja Matriz Bairro: Centro
UF: RN CEP: 59164000 Cidade: NÍSIA FLORESTA
Coordenadas Geográficas: Latitude: 0 Longitude: 0
4. ATIVIDADE TÉCNICA
Atividade: 1.10.1 - Memorial descritivo
Quantidade: 705,00 Unidade: m²
Atividade: 1.11.1.7 - Projeto de restauração
Quantidade: 705,00 Unidade: m²
Atividade: 1.1.6 - Projeto de adequação de acessibilidade
Quantidade: 705,00 Unidade: m²
Atividade: 1.3.2 - Projeto de luminotecnia
Quantidade: 705,00 Unidade: m²
Atividade: 1.5.6 - Projeto de sistemas prediais de proteção contra incêndios e catástrofes
Quantidade: 705,00 Unidade: m²
Atividade: 1.5.7 - Projeto de instalações elétricas prediais de baixa tensão
Quantidade: 705,00 Unidade: m²
Após a conclusão das atividades técnicas o profissional deverá proceder a baixa deste RRT
5. DESCRIÇÃO
Projeto de Reforma arquitetônica e acessibilidade de uma edificação institucional de caráter religioso, contendo 705,00 m²,
localizada na Praça Coronel José Araujo, 81, Centro, Nízia Floresta,RN.
6. VALOR
Valor do RRT: R$ Pago em: 24/10/2014
Nº 0000002966102
ResponderExcluirINICIAL
INDIVIDUAL
1. RESPONSÁVEL TÉCNICO
Nome: ANTÔNIO AUGUSTO DA SILVA JÚNIOR
Registro Nacional: A51885-9 Título do Profissional: Arquiteto e Urbanista
2. DADOS DO CONTRATO
Contratante: A.Silva de Oliveira - ME
CNPJ: 15.413.239/0001-60
Contrato: Valor: R$
Tipo de Contratante: Pessoa jurídica de direito privado
Celebrado em: 24/11/2014 Data de Início: 24/11/2014 Previsão de término: 30/06/2015
Declaro que na(s) atividade(s) registrada(s) neste RRT foram atendidas as regras de acessibilidade previstas nas normas
técnicas de acessibilidade da ABNT, na legislação específica e no Decreto Federal n° 5.296, de 2 de dezembro de 2004.
3. DADOS DA OBRA/SERVIÇO
PRAçA Coronel José Araújo Nº: 81
Complemento: Bairro: Centro
UF: RN CEP: 59164000 Cidade: NÍSIA FLORESTA
Coordenadas Geográficas: Latitude: 0 Longitude: 0
4. ATIVIDADE TÉCNICA
Atividade: 2.2.1 - Execução de estrutura de madeira
Quantidade: 705,00 Unidade: m²
Atividade: 2.4.2 - Execução de reforma de interiores
Quantidade: 705,00 Unidade: m²
Atividade: 2.9.1.1 - Execução de obra de preservação do patrimônio edificado
Quantidade: 705,00 Unidade: m²
Atividade: 2.9.1.8 - Execução de obra de conservação preventiva
Quantidade: 705,00 Unidade: m²
Após a conclusão das atividades técnicas o profissional deverá proceder a baixa deste RRT
5. DESCRIÇÃO
Execução de melhorias estruturais da cobertura (substituição de tesouras de madeira e telhas cerâmicas), fixação do forro
de lambri (madeira) na nave central.
6. VALOR
Atenção: Este Item 6 será preenchido automaticamente pelo SICCAU após a identificação do pagamento pela compensação
bancária. Para comprovação deste documento é necessária a apresentação do respectivo comprovante de pagamento
A autenticidade deste RRT pode ser verificada em: https://siccau.caubr.org.br/app/view/sight/externo?form=Servicos,
com a chave: C22CAa Impresso em: 24/11/2014 às 19:41:36 por: , ip: 177.21.160.228
www.caubr.gov.br Página 1/2
RRT SIMPLES
Nº 0000002966102
INICIAL
INDIVIDUAL
7. ASSINATURAS
Declaro serem verdadeiras as informações acima.
_____________________, ________ de ___________________ de ________
Local Dia Mês Ano
A.Silva de Oliveira - ME ANTÔNIO AUGUSTO DA SILVA JÚNIOR
CNPJ: 15.413.239/0001-60 CPF: 721.376.224-91
A autenticidade
Caro professor, na data de 28 de setembro realizei inspeção de vistoria técnica no imóvel, e verifiquei:
ResponderExcluir1. A edificação inspecionada para fins de verificação das condições de segurança, trata-se de uma Igreja, executada a aproximadamente 250 anos, em alvenaria dobrada e cobertura em tesouras de madeira e telhas cerâmica, construído por um pavimento no átrio mais mezanino e dois pavimentos no campanário;
2. As informações contidas no presente relatório foram constatadas “in loco” por ocasião de vistoria realizada pelo profissional supracitado.
3. Algumas peças de madeira já não garantem a sustentação da carga aplicada pelo peso da cobertura e, portanto, precisam ser substituídas;
4. A instalação elétrica, devido ao longo tempo de uso, faz-se necessário a revisão destas por empresa ou profissional especializada, haja vista a possibilidade de princípios de incêndio originados por curto-circuito, em virtude da configuração atual, e ainda, pelo contato existente entre fiações e peças de madeira;
5. No que concernem as instalações de combate a incêndio e pânico não foi localizado nenhum equipamento de proteção contra incêndio;
6. Analisando-se os arquivos deste órgão não se localizou nenhum documento referente à aprovação e liberatório denominados “ Alvará ou Habite-se”;
7. Não foram localizadas saídas com características de emergência para atender uma rápida evacuação da população da edificação, obrigatórias para estes locais, enquadradas na ocupação reunião pública, dimensionadas de acordo com a NBR 9077;
8. Foi verificada a ausência de sinalização do tipo “SAÍDA DE EMERGÊNCIA”, devendo-se existir para edificações com ocupação destinada à reunião de público.
9. Foi verificada a ausência da iluminação de sinalização de emergência, para casos de interrupção de energia elétrica, essas sejam acionadas automaticamente com autonomia mínima de 2 horas.
10. Foi verificada a ausência de sinalização dos disjuntores do quadro geral de energia,impossibilitando atitudes ágeis em situações de emergência, na interrupção de energia elétrica;
CONCLUSÃO
ResponderExcluirDiante do exposto, amparado apenas por meios expeditos, tendo em vista possíveis acidentes ocasionados pela instabilidade das tesouras de madeira que integram a estrutura da cobertura que poderá colocar em risco vidas humanas, é de parecer que diante das observações citadas, o local é “INSEGURO” para a permanência humana, dentro das atividades precípuas para as quais se propõe e, que seja realizado de imediato, a substituição das tesouras que integram a estrutura de cobertura da edificação e que eventos não ocorram no seu interior, haja vista a ineficiência da rápida evacuação de pessoas do interior da ocupação.
Em seguida dei início ao Projeto de restauração e ao Memorial descritivo....
ResponderExcluirMEMORIAL DESCRITIVO
ResponderExcluirAntônio Augusto da Silva Júnior, Arquiteto e Urbanista, residente a Avenida Luiz Lopes Varela, 54, Centro, Ceará Mirim – RN, de Registro no Conselho Nacional de Arquitetos e Urbanistas (CAU – RN) n° A51885-9, tendo sido distinguido pela Paróquia de Nossa Senhora do Ó, Nísia Floresta para realizar o estudo sobre a restauração do imóvel “Igreja Matriz” conforme Relatório de Responsabilidade Técnica (RRT) nº 2856402 , após proceder às pesquisas e verificações pertinentes que se fizeram necessárias passa a expor os resultados obtidos através do presente trabalho.
DO OBJETIVO DO TRABALHO
ResponderExcluirQuerer e saber “tombar” monumentos é uma coisa. Saber conservá-los fisicamente e restaurá-los é algo que se baseia em outros tipos de conhecimentos. Isso requer uma prática especifica e pessoas especializadas, “Os arquitetos dos monumentos históricos”, que o século XIX precisou inventar.
(CHOAY, 2001, p 149)
Consiste fundamentalmente em determinar a exeqüibilidade dos serviços de restauração, bem como a metodologia de trabalho a ser traçada a fim de atingir os melhores resultados sob o ponto de vista técnico, arquitetônico e histórico.
Assim cumpre destacar inicialmente, que se observaram os seguintes elementos externos constitutivos da edificação:
ResponderExcluir1. Cobertura da Nave principal (central) executada em duas águas, com estrutura de madeira convencional com tesouras de pendural único e telhas cerâmicas, as tesouras por apresentar confecção cerrada e padrão denuncia ser fruto de intervenção com data não identificada. A cobertura das naves laterais executadas em apenas uma água, prolongam as coberturas da nave central, suas estruturas de madeira convencional, também expõe elementos da mencionada intervenção;
2. O forro da Capela Mor em estilo gamela em madeira tipo varas recobertos por pozolana, lembram o estilo pau-a-pique do Barroco Mineiro. No restante da igreja não mais existem os forros;
3. O frontispício da Igreja apresenta-se composto por três portas de arcos abatidos, almofadadas, sendo a do meio, mais alta, ornadas por colunas, coninjas e frontão triangular formando três portadas e a altura do coro três janelas rasgadas e com guarda-corpos de ferro, em arcos abatidos, encimadas por um óculo, no frontão principal, volutas e contravolutas em sua métopla, no coroamento uma cruz latina, a todo conjunto, junta-se as torres de base quadrangular, com três pavimentos. Abriga-se na base de uma das torres a pia batismal, na altura do coro surgem duas janelas niveladas com as três supracitadas, a torre inversa a da pia batismal encontra-se o sino. A ausência dos coroamentos das torres denuncia um caráter de inacabada, apesar de existirem em cada torre quatro adornos, pequenos pináculos.
4. A planta apresenta uma configuração basilical, retangular, simétrica com grossas paredes em suas laterais, suas duas naves laterais estão separadas da nave central por paredes igualmente grossas ornadas de belíssimos arcos plenos, um segundo pavimento forma trifórios que dão acesso aos púlpitos decoradas com arcos plenos, guarda-corpos e frontão em madeira e ao coro. A nave Central possui um Altar Mor encimado por um lampadário neogótico, um grande retábulo-mor ornado por sacrário e dois retábulos no arco cruzeiro, nas naves laterais duas absides com retábulos em madeira.
5. Os pisos internos utilizados nas naves laterais e central, são do tipo ladrilho hidraulico cerâmico liso e decorado. No exterior da edificação, seu adro apresenta piso em ladrilho hidráulico cerâmico quadrado antiderrapante.
DOS EXAMES
ResponderExcluirPreliminarmente, torna-se preciso evidenciar que, quando do apurado e minucioso exame levado a efeito no local e atendendo ao objetivo do trabalho, o técnico responsável se inteirou dos lugares básicos dos serviços e com o propósito único e exclusivamente voltado às restaurações externas do imóvel, relacionou os serviços necessários à sua restauração.
Inicialmente, segundo estudo in loco e pesquisa, constata-se inúmeras intervenções ocorridas no referido imóvel ao longo do tempo, que o descaracterizaram quanto ao projeto inicial.
Diante deste quadro, cumpre dar ao conhecimento, que, dos exames efetuados junto à cobertura do templo, o técnico verificou de pronto que se apresenta em preocupante estado de conservação, não obstante as avarias atribuídas às intempéries e ao desgaste natural motivado pelo uso e tempo. Deste modo, a cobertura da nave central guarnecida em estrutura em madeira, não originais ao projeto inicial, encontra-se avariada por ação do tempo; as calhas e os rufos apresentam-se com infiltrações.
Outrossim, cumpre ressaltar, que, os danos ocasionados por falhas na estrutura da cobertura, posto que os processos aplicados, atuais à época da execução, atingiram hoje o final de sua vida útil, danificaram o forro de lambri e toda estrutura de vigas, travessas e frechais.
No que concerne às fachadas, cumpre ressaltar com destaque que, através da análise efetuada, constatou-se a existência de várias camadas de tintas decorrentes de intervenções passadas, que ofuscaram alguns detalhes e adornos arquitetônicos. A pintura atual encontra-se alterada em sua cor original, por ação do sol.
CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES
ResponderExcluirAnte a evidência da análise determinada pelos acurados exames e vistorias procedidos no local e pelo exposto até então, o técnico relator se ver levado a tecer considerações adiante postas à vista e ao final oferecer a conclusão dos trabalhos.
Cumpre registrar no caso vertente, que o conceito de uma intervenção modernizadora, onde o modernizar não é, nesse caso, dar expressão de novo, mas colocar no corpo dos velhos edifícios um implante regenerador. Dessa simbiose imposta, espera-se que o interesse suscitado pela obra do presente se reflita na obra antiga, dando origem, assim, uma dialética.
Os serviços de restauração a serem realizados:
Recuperação de telhado de cobertura da Nave principal (Central), substituindo as telhas, recuperando as estruturas de madeira, procedendo a substituição das tesouras, recuperação do forro teto, substituindo peças irrecuperáveis, para a execução e adequada pintura do conjunto todo;
Revisão das calhas e rufos, a fim de eliminar-se vazamentos em juntas soldadas, rebitadas ou cravadas;
Finalmente resta concluir, que, devidamente apreciadas com a mais rigorosa objetividade, todos os elementos intervenientes no processo de restauração a ser executado nas partes externas e internas do imóvel, tudo converge plena e coerentemente no sentido de ser exeqüível a restauração do imóvel, procedendo-se a revisão das coberturas e de telhas, executando-se nova impermeabilização das naves, bem como, executar pintura adequada, efetuando-se limpeza enérgica sobre ornatos, aplicando-se em seguida o revestimento em cor próxima a estas peças lavadas, sempre obedecendo rigorosamente ao desenho existente.
Caro Professor, o Memorial ainda não está concluído por falta de informações históricas precisas, peço ao senhor e a toda população de Nísia Floresta que se possível, venham integrar-se ao processo.
ResponderExcluirCaro Antonio Augusto, muito obrigado por sua atenção especial em disponibilizar o texto. Obrigado também pela gentileza de ter telefonado para mim há pouco, cuja conversa foi muito importante. Eu só tenho a reforçar que qualquer pessoa que tenha o mínimo de conhecimento sobre Patrimônio Históriaco, teria se indignado com o que eu vi (as fotografias 'falam'). Quando você me esclarece que todas as orientações que você transmitiu aos pedreiros - dentro do que está explícito em meu texto - não foram cumpridas, passo a entender melhor (e a lastimar também, pois poderia ter ocorrido o pior). Mas é isso. Sobre a falta de informações históricas precisas, realmente há essa lacuna, pois não houve o cuidado com a manutenção dos acervos. Mas a Arquidiocese possui alguma coisa. Lembro-me que o Padre João Batista, certa vez, mostrou-me um manuscrito de um sacerdote, o qual precisava algumas datas. Era algo muito sintetizado, mas é documento. Penso que o referido sacerdote pode ajudar muito, inclusive poderia se integrar ao grupo para a elaboração de um projeto ideal para a reforma da Matriz. Desde já coloco-me `a disposição no aspecto de colaborar. Mais uma vez, agradeço por sua atenção. Umabraço!
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