Ouvi,
hoje, na CNN esta notícia. Lendo-a, agora, n'O Globo, restou-me a perplexidade. É
simplesmente inacreditável. Eu enxergava Cunha como pai do cinismo, mas vi que
há outros pais.
Coincidentemente, reli,
ontem, o conto da onça que fingiu de morta para enganar a raposa. Achei a onça
parecida com temer...
E a raposa também...
E a raposa também...
“O Judiciário funciona regularmente, o Legislativo igualmente, o Executivo... O Ministério Público, não é? Que é quem cuida um pouco dessas ações. Eles funcionam regularmente, tanto que, na verdade quando há essas afirmações, elas são operadas. Eu, é claro, até no meu caso, você sabe que há manifestações e muitos outra, né. Mas esta matéria está no Judiciário e nós confiamos no Judiciário brasileiro. É claro que eu aqui diria que são inverdades absolutas, fruto talvez de uma certa, um certo desejo de dizer que o Brasil está nessa ou naquela posição em relação à corrupção, mas o fato é que a corrupção está sendo combatida e isto dá mais segurança aos nossos investidores, não é? Os investidores que forem para lá não vão ter preocupações com o fenômeno corruptor”, disse o presidente.
Aproveite para reler o conto, e fique esperto, no bom sentido, sobre os saqueadores dos cofres públicos. Pode ter um aí mesmo na sua cidade...
A raposa e a onça
Cansada de ser enganada pela raposa, a comadre onça planejou
atraí-la à sua toca. Para isso, espalhou pela freguesia a notícia de que tinha
morrido e deitou-se no meio da sua caverna, fingindo-se morta. A bicharada
desconfiada, mas não contendo a curiosidade, vieram olhar o seu corpo. A raposa
também veio, mas ressabiada como ela só, ficou a olhar de longe. E por trás de
outros animais gritou:
— Minha avó, quando morreu, espirrou três vezes. Espirrar é
o sinal verdadeiro da morte.
Comadre onça, para mostrar que estava morta de verdade,
espirrou três vezes. Foi o que bastou para a raposa fugir, às gargalhadas.
Furiosa, a comadre onça resolveu apanhá-la ao beber água.
Era época de seca no sertão e somente uma cacimba, ao pé duma serra, ainda
tinha um pouco de água. Todos os animais da freguesia eram obrigados a beber
ali. Então, a comadre onça se arranchou a beira da cacimba, e ficou à espera da
esperta raposa, dia e noite.
Nunca em toda a sua vida a raposa curtiu tanta sede. Ao fim,
porém, de três dias já não agüentava mais. Não havia outro jeito, tinha de ir
beber na cacimba, mas não ia "dar mole" a comadre. Usando duma
astúcia, procurou um cortiço de abelhas, furou-o e com o mel que dele escorreu
untou todo o seu corpo. Depois, espojou-se num monte de folhas secas, que se
pregaram aos seus pêlos e cobriram-na toda.
Por volta do entardecer foi à cacimba. A onça olhou-a bem e
perguntou-lhe:
— Que bicho é você que eu não conheço, que eu nunca vi?
A raposa cinicamente respondeu:
— Sou o bicho folharal.
— Então pode beber.
A raposa desceu a rampa do bebedouro, meteu-se na água,
sorvendo-a com delícia e a onça lá em cima, desconfiada, vendo-a beber demais,
como quem tinha sede de vários dias, murmurou:
— Quanto tamanha sede, folharal!
Mas a raposa que se julgava muito esperta não pensou que a
água iria amolecer o mel e, assim, folhas foram caindo às porções. Quando
acabara de "matar a sede", a última folha caiu, e a comadre onça de
imediato reconheceu a não muito esperta raposa. Pulou ferozmente sobre ela, mas
a danada da raposa conseguiu fugir.
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