Nas
últimas semanas alguns terreiros de Umbanda e Candomblé, no Rio de Janeiro vem
sendo alvo de ataques e depredações. Num deles, conforme vídeos sugeridos
na imagem acima, os traficantes justificam tal truculência “em nome de Jesus”.
Isso deve chamar a atenção de toda pessoa esclarecida, pois as filmagens revelam discursos bem construídos. Eles falam
com uma retórica tipicamente pentecostal. A própria voz dos traficantes é parecida com as vozes que ouvimos em diversos programas religiosos de determinadas igrejas. Tudo é envolvido numa áurea de cólera, julgando que as sacerdotisas são representantes de satanás e as peças sacras estão demonizadas.
Obviamente deve-se abominar tal truculência pelo olhar do respeito às religiões. O próprio
Jesus Cristo, se estivesse aqui não faria isso. Mas, confessemos, o que mais nos choca é o discurso dos traficantes, os quais ordenaram, de armas nas mãos,
que as sacerdotisas quebrassem as imagens e os objetos de seus rituais.
Isso é de uma
monstruosidade inadmissível.
Vivemos
um momento mundial no qual os muçulmanos fundamentalistas fazem exatamente
igual, embora com outra roupagem. São intolerantes e atacam quem não se
curva a Alá.
Nesse caso há uma espécie de exigência de que a pessoa se converta a alguma religião evangélica.
Nesse caso há uma espécie de exigência de que a pessoa se converta a alguma religião evangélica.
A
internet também está cheia de notícias de ataques às imagens dos templos
católicos, encabeçadas por pessoas de religiões diferentes.
Nota-se uma cadeia de influências. E tudo é muito parecido. Dá-se a impressão de que há igrejas patrocinando direta ou indiretamente tais ataques. Parece haver intenção de se monopolizar a fé nas favelas.
Sabemos
que a maioria das igrejas – queira ou não – são verdadeiras “casas da moeda”. Então quanto
mais monopólio, melhor. É mais dinheiro para a que tem culpa no cartório.
Não gosto muito da expressão "tolerância" para referir-se a tais fatos. Prefiro dizer que as fés devem ser respeitadas. A gente tolera
aquilo que não gosta, e quem somos nós para não gostar da religião A ou B. Respeitar é suficiente.
Percebo
que há algo muito complexo e escuso nesses ataques aos terreiros. Há um mix
muito além do que a maioria pensa. Creio que os traficantes estão fundando
igrejas para dar vazão às múltiplas políticas do crime. Quanto mais eles
sufocarem as outras religiões, mais aumentará o seu poder de tráfico, de
lavagem de dinheiro etc etc etc...
Motivos
eles têm de sobra para levantar as asas: para onde olham veem bandidos.
Bandidos juristas, bandidos nas Forças Armadas, bandidos nas Presidências,
bandidos na Polícia Militar, bandidos no funcionalismo público, bandidos para
todos os lugares com poucas exceções. Mesmo os honestos se tornam suspeitos,
pois ninguém está mais acreditando em ninguém.
Continuo
com esperança, mas está difícil.
Precisamos ensinar os nossos filhos a respeitarem as manifestações de fé de todos, sugerindo-lhes que se coloquem nos lugares de quem não faz mal a ninguém e sequer pode ter fé.
Essa discriminação às religiões de origem africana, se formos mais a fundo, também revela preconceito racial e preconceito contra as pessoas mais humildes. Não é regra, mas boa parte pertence a classe mais simples da sociedade. Há pessoas que, só de ouvir falar em Candomblé ou Umbanda, usam as palavras mais depreciativas. Outras, só por saber que uma igreja conserva imagens de santos, alimentam a intenção de quebrá-las.
Precisamos ensinar os nossos filhos a respeitarem as manifestações de fé de todos, sugerindo-lhes que se coloquem nos lugares de quem não faz mal a ninguém e sequer pode ter fé.
Essa discriminação às religiões de origem africana, se formos mais a fundo, também revela preconceito racial e preconceito contra as pessoas mais humildes. Não é regra, mas boa parte pertence a classe mais simples da sociedade. Há pessoas que, só de ouvir falar em Candomblé ou Umbanda, usam as palavras mais depreciativas. Outras, só por saber que uma igreja conserva imagens de santos, alimentam a intenção de quebrá-las.
lamentável isso tudo, respeito e o que precisamos
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