Dia
desses, esquadrinhando velhos documentos sobre meus antepassados, cavando
genealogias, reli a Certidão de Casamento da minha tia-avó MARIA AMÉLIA
GOMES PEIXOTO (nascida em 1888), ocorrido na "Villa de Papary", hoje
Nísia Floresta. Eis o teor, ipsis literis:
Aos
quatorze dias do mês de Novembro de 1910, nesta Villa de Papary, em casa de
residência do CORONEL JOSÉ JOAQUIM DE CARVALHO E ARAÚJO, sendo ahi
presentes o 3º Juiz Distrital em exercício, cidadão ACCURCIO MARINHO DE
CARVALHO E ARAÚJO, commigo Official interino de seu cargo abaixo declarado,
e as testemunhas também abaixo assignadas, ahí depois observadas todas as
formalidades e preceitos regulamentadores se receberam em contrato de casamento
civil o cidadão JOAQUIM THEODORICO BARBOSA, solteiro, de
dezenove annos de idade, filho legítimo de ANTONIO EGINO BARBOZA e
dona MARIA VENTURA DA CONCEIÇÃO, naturais do município de Sant’Anna
do Matos, com a senhorita AMÉLIA GOMES PEIXOTO, solteira, de
vinte e dois anos de idade, filha legítima do cidadão ABEL GOMES
PEIXOTO e dona MARIA MAGALHÃES PEIXOTO, residentes
no lugar Salgada, subúrbio da cidade de São José de Mipibu e todos naturais
deste estado. E findo o acto solemne do casamento civil dos contrahentes acima
já referidos, mandou o dicto juiz presidente do acto, lavrar este termo em que
assigna com os contraentes e testemunhas, do que dou fé. Eu, João
Baptista de Freitas Marques, Official interino do registro civil dos
casamentos o escrevi e assigno, Official do registro civil, João
Baptista de Freitas Marques, Accurcio Marinho de Carvalho e Araújo, JOAQUIM
THEODORICO BARBOZA, Sinfrônio Pereira Accyoli, AMÉLIA
GOMES PEIXOTO, Manoel Joaquim Barbosa, solteiro, 27 annos
de idade, agricultor, residente Desterro, Leôncio de Moura ...........,
casado, de 66 annos de idade, empregado, e residente nesta villa, José
Guedes de Moura, Antonio Joaquim Barboza Sobrinho; Official do
registro civil João Baptista de Freitas Marques.
(Obs. Os 9 nomes logo acima estão assinados pelos presentes ao casamento).
.......*.......
BREVES COMENTÁRIOS SOBRE OS NOMES ENVOLVIDOS NESSE CASAMENTO E SÍNTESE GENEALÓGICA
A nubente, Amélia Gomes Peixoto, embora o nome completo seja Maria Amélia Gomes Peixoto, é a quarta filha dos meus bisavós ABEL GOMES PEIXOTO (1845-1946) e MARIA CLARA DE MAGALHÃES PEIXOTO FONTOURA (1861: Goianinha-1950: Natal), avós da minha mãe. O documento traz apenas Maria Magalhães Peixoto.
É muito complexo o universo desses documentos
cartoriais no aspecto da escrita dos nomes. Alguns são exatos, outros equivocados,
outros errados. Você tem que comparar com inúmeros documentos, principalmente
quando o tempo distou muito, tendo em vista que nem sempre os antepassados tem
o cuidado de conversar com os idosos de seu tempo para corrigir
dados.
O
casamento se deu na “Villa de Papary” há 115 anos na residência do Coronel José
Joaquim de Carvalho e Araújo, então presidente da Intendência da Vila de
Papary. Além de intendente (prefeito) ele foi deputado provincial, tendo
exercido vários mandatos. Era amicíssimo do Coronel Francisco Justino de
Oliveira Cascudo, pai de Câmara Cascudo. Era carne e unha com Pedro Velho de
Albuquerque Maranhão (Macaíba,1856 - Recife,1907) que proclamou a
república no Rio Grande do Norte, sendo o seu primeiro governador. A casa do Coronel José Joaquim
era um belo sobrado em estilo colonial português e ficava ao lado da Igreja
Matriz de Nossa Senhora do Ó.
Accúrcio Marinho de Carvalho e Araújo, então 3º Juiz Distrital em exercício,
era irmão do Coronel José Joaquim e dono do Engenho Boa Esperança que ficava no
povoado denominado Porto. No final do documento todos assinam, exceto o Coronel
José Joaquim.
Estava
presente nesse casamento José Guedes de Moura, meu tio-avô, filho de Manoel
Ferreira de Mesquita (1875), e Maria Guedes de Moura (1876), casados no dia
2.11.1903 em São José de Mipibu, irmão da minha avó Maria Gomes Peixoto
(1901-1957), mãe da minha mãe Maria José Peixoto (Freire). Maria Gomes Peixoto
(1901-1957), casada com José Gomes Peixoto (1889-1958) era a única “Gomes”
entre os irmãos Luiz Guedes de Moura (1904), João Guedes de Moura e José Guedes
de Moura (1918-1999).
Vamos
ao desenrolar do novelo genealógico dos meus familiares mencionados no
documento:
ABEL
GOMES PEIXOTO (1845-1946)
e MARIA CLARA DE MAGALHÃES PEIXOTO FONTOURA (1861-1950), meus
bisavós por parte da minha mãe, são pais de: Maria Emília Gomes Peixoto (1877),
Enéas Gomes Peixoto (1887-1950), Joaquim Gomes Peixoto (1888), Maria Amélia
Gomes Peixoto (1888), JOSÉ GOMES PEIXOTO (1889-1958 – MEU AVÔ por
parte da mãe minha mãe Maria José Peixoto (Freire, depois de casada),
Pedro Abel Peixoto (1895-1974), Beliza Gomes Peixoto (...) e Rosa Gomes Peixoto
(filha de uma escrava alforriada com o meu bisavô, mediante união adúltera da
parte dele).
MARIA CLARA DE MAGALHÃES PEIXOTO FONTOURA (1861-1950, minha bisavó por parte do pai da minha mãe), era
filha do capitão JOSÉ THOMAZ DE MAGALHÃES FONTOURA (1829-1913)
e MARIA JUCUNDA BELMIRO (1835), os quais tiveram os demais
filhos: JOSEFA CECÍLIA FONTOURA PEIXOTO (1864-1951), JOÃO ROMÃO DE MAGALHÃES
FONTOURA (1866), JOSÉ DE MAGALHÃES FONTOURA (1868-1945), ROMUALDO FONTOURA
(1871-1956), CLAUDINA ALEXANDRINA FONTOURA CASTRO (1871), JOÃO GUALBERTO
FONTOURA (1873), MARIA SENHORINHA FONTOURA (1874-1961), ATANÁSIO DE MAGALHÃES
FONTOURA (1874), MARIA AMÉLIA FONTOURA CORDEIRO (1877), FRANCISCO THOMAZ DE
MAGALHÃES FONTOURA (1878), CÂNDIDO DE MAGALHÃES FONTOURA (1879-1951). Cresci escutando a minha mãe fazendo algumas referências a alguns desses
tios dela, em destaque para o famoso “Tio Romualdo” e a “Tia Senhorinha”.
JOSÉ
THOMAZ DE MAGALHÃES FONTOURA (1829-1913) pai da minha bisavó MARIA CLARA
DE MAGALHÃES PEIXOTO FONTOURA (1861-1950) é filho de MANOEL THOMAZ
PEIXOTO (1798), casado com CLAUDINA MARIA MANOEL DA CASTRO (?), meus
tataravós por parte da minha mãe. Sua esposa, MARIA JUCUNDA BELMIRO (1835),
mãe da minha bisavó MARIA CLARA DE MAGALHÃES PEIXOTO FONTOURA (1861-1950)
é filha de MANUEL JOAQUIM GRILLO (Goianinha, 1790) e ANNA FRANCISCA FREIRE DO
REVOREDO (Goianinha, 1793).
MANOEL
JOAQUIM GRILLO (1790) e
sua esposa ANNA FRANCISCA FREIRE DO REVOREDO (1793), pais da minha
tataravó, são pais dos demais filhos descritos em seguida: Padre José Paulino
de Borba Grillo (1810-1879), Joaquim Manoel Meiroz Grillo (1818), Claudina
Justiniana de Oliveira (1820), Anna Francelina de Oliveira (1822), Francisco de
Paula Ferreira Grilo (1828), Manuela Alves (1828), Maria Jucunda Belmiro (1835), Honório Grillo (1836), Amélia Grillo
Fagundes (1837).
MANOEL
JOAQUIM GRILLO é
filho de INÁCIO ANTÔNIO DE MEIROZ GRILLO (1758–1793) e LEONARDA
LOURENÇO FREIRE DO REVOREDO (1776)...
LEONARDA
LOURENÇO FREIRE DO REVOREDO (1776)
é filha do CAPITÃO-MOR BENTO FREIRE DO REVOREDO (1727-1803) e de MÔNICA DA ROCHA
BEZERRA (1727-1803)
Pois
bem, inspirando-me no presente documento quis deixar essas informações para a
posteridade, acrescentando bastidores que eles não mostram, exceto no sangue e
na genealogia. Como disse há alguns anos o grande mestre Luís da Câmara Cascudo
“Eis que estirando o novelo genealógico, dei-me com esse parentesco ilustre”.
L.C.F. NATAL,1.5.2025
FONTE: Os troncos de Goianinha (Ormuz
Barbalho Simonetti); Mais notícias genealógicas do Rio Grande do Norte (João
Felipe da Trindade), História de Nísia Floresta, Adauto da Câmara; Hélio
Galvão; documentos de família e diversos documentos cartoriais.
OBS. Estou em fase de conclusão da árvore genealógica da minha mãe para posterior publicação. L.C.F. – 1.5.2025...
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