Água no balde, vassoura e sabão, ou água servida de piscina pode ser reaproveitada para esse serviço. A seca do Sertão agradece. |
Dia desses eu passei
numa rua, indo para o trabalho – era sete e meia - e vi um homem lavando o muro de sua casa. Ele usava uma lavadora de alta pressão. A parede havia juntado musgo velho, ressequido. Ele insistia, focado naqueles restos impregnados nas frinchas do reboco. Havia uma parte
enegrecida justamente pela microflora que se impregnou naquela parede ao longo
do tempo e formou uma espécie de lodo seco.
Confesso que achei
aquilo um exagero. Até mesmo insanidade. Seria mais fácil e respeitoso ao meio
ambiente – e muito menos oneroso para o seu bolso - ele ter lixado a parede e
pintado depois.
Para resumir a
história, eu trabalho há poucos metros desse fato.
Era exatamente onze e
meia da manhã, quando precisei sair do prédio onde trabalho para ir a uma
instituição próxima.
QUE SURPRESA
DESAGRADÁVEL!
O dito homem estava lá
exatamente como quando passei às sete e meia da manhã. Ou seja, há quatro
horas. Ele havia terminado a outra lateral do muro e fazia a mesma “limpeza” na
calçada. Transformou o jato de água numa vassoura. A propósito nem havia
vassoura por ali.
A água usada descia
pela sarjeta e fazia curva no quarteirão.
Você imaginou quantos
litros escorreu para o esgoto?
Creio que, independente
de ser ou não o Dia mundial da Água, é nessas coisas que devemos pensar.
Assisto quase diariamente
o desperdício de água por todos os lados. É muito comum, infelizmente. E sei
que não sou ou único que vê tais barbaridades e se revolta.
O que aumenta essa
indignação é saber que muitas pessoas do tipo desse homem são esclarecidas. Sobre
esse senhor, por exemplo, perguntei desinteressadamente a um vizinho sobre ele.
Era um ministro de uma igreja. Fiquei ainda mais perplexo, pois justamente naquele
ano o tema da Campanha da Fraternidade era sobre o meio ambiente: “Água, fonte de vida”. Vejam como
são as contradições.
Quando vejo belos
espelhos d´’água ornamentando frontões de prédios públicos, sendo esvaziados
toda semana – principalmente no Nordeste – sinto revolta pela atitude de
arquitetos e engenheiros que tem a ousadia de idealizar esses cultos ao
desperdício. Sinto pena daquelas crianças que lá no sertão, bebem água suja e
sem tratamento algum. A mesma que serve aos animais. Na realidade sinto pena de
todos, pois não são apenas as crianças. São idosos, jovens, pessoas doentes
etc. Muitas vezes vimos água de piscina escorrendo por horas a fio pelas sarjetas.
É muita injustiça! Era
para a CAERN ter um projeto de coleta dessas águas, pois são limpas e podem ser
tratadas com menos gastos comparados às águas de esgoto e a dessalinização.
E quando penso que se
eu ou outra pessoa abordasse o homem da história acima, poderíamos ser hostilizados.
Tipo: “o muro é meu e a água sou eu quem pago”. Digo isso porque já presenciei
algo do tipo.
Outro detalhe
revoltante são vazamentos de canos da CAERN em diversos bairros, ao longo –
pasmem! – de meses, sem conserto. E não é por falta de quem telefone avisando.
É falta de profissionalismo mesmo.
Então, minha gente, nesse
dia não quero palavras bonitas. Quero levar as pessoas ao pensar. Ou pensamos e
nos conscientizamos e agimos, ou não vai demorar muito para que os países ricos
façam o que fazem aos países que produzem petróleo. A briga por água vai ser
grande.
Para encerrar: é
tremendamente revoltante, em pleno Nordeste do Brasil, em capitais como Natal,
por exemplo, que têm água em abundância, assistirmos tanto desperdício por onde
andamos.
Pelo menos no Rio
Grande do Norte, na terra onde o fenômeno da seca é realidade, quem mora na
capital não tem a mínima consciência, salvas raras exceções.
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