A professora, em seu ministério educacional, ensinava-nos conjugação verbal.
Eu nutria distúrbios para conjugações.
Minha apetecência gramatical adoecia-me para conjugar adjetivos.
De modo que toda a morfologia escorria por esse funil sintaxial,
Ao modo "reinvenção"…
Inquirido pela mestra, conjuguei o adjetivo “bonito”.
A professora, desnutrida de amorosidade, flechou-me um substantivo masculino famoso.
(Burro! para quem não entendeu).
Escabreado, atinei que deveria conjugar substantivos, advérbios... o diabo a quatro.
Zero!
Na verdade, eu grassava mesmo de conjugar a natureza: animais, plantas, rios… pois eu estava conjugado a eles...
Então, quando forçado a funcionar no modo "gramática"
Eu vestia as palavras com as mesmas roupas que conjugava a natureza.
Cresci conjugado para as minhas próprias sintaxes…
“Eu rio, tu cachoeiras, ele cascata, nós lagoamos, vós nascentes, eles corixam”.
Desatinei que, assim como existem os biomas, existem as morfologias das florestas.
Toda palavra tem sua natureza.
“Eu me sapo, tu te onças, ele lontra, nós capivaramos, eles araram”
Então, descobri-me capaz de ser-me palavra
“Eu ipê, tu cambarás, ele manduvi, nós buritis, vós acuris, eles aguapés”
Se eu tinha parte com bichos, matas e bugres, como dar moto a verbos?
Sucuri a minha vida inteira raposando matas…
Como diabos haveria de conjugar o que não via.
A professora, certamente supondo que aquilo fosse uma doença, aquietou-se de mim.
Ela era pragmática,
E eu, despragramático
E só.
A mestra deixou-me todo pássaro.
Então passarei a vida inteira sintaxiando...
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