Como
sabemos, há o livro publicado em primeira edição em 1976 - é mais texto
-, mas muitos desconhecem que em 1993 o Banco Safra organizou um
luxuoso álbum com muito mais fotografias, legendas e descrições dessas
imagens pelo autor, Mário de Andrade, e essa iconografia responde nossa
curiosidade antiga. Eu mesmo sempre pensei: Mário percorreu o Nordeste, o
Amazonas, o Peru, será que fez apenas essas fotografias divulgadas no livro que publicou originalmente em 1976?
O
que o fez empreender a viagem, todos sabem, inclusive esteve nesse
rincão potiguar e fez preciosos registros. É interessante o autor dar o
título de “O Turista Aprendiz”, pois sua odisseia não era exatamente uma
viagem turística, e ele, como toda a maturidade intelectual que reunia,
não era um aprendiz.
Na
papelada que ele escreveu à mão Mário classifica os seus registros como
“Viagem Etnográfica”, e de fato o foi. Seria esse o título ideal? E
também as descreveu como “Viagem pelo Amazonas até o Peru, pelo Madeira
até a Bolívia, e pelo Marajó até dizer chega”. É até engraçado.
Telê
Ancona Lopez escreveu na edição de 1976 que Mário de Andrade “procurou
traçar as coordenadas de uma cultura nacional, tomando o folclore e a
cultura popular como instrumentalização para o seu conhecimento do povo
brasileiro” e também que “para isso foi muito importante unir a pesquisa
de gabinete e a vivência de vanguardista metropolitano ao encontro
direto com o primitivo, o rústico e o arcaico”.
E
“Aprendiz” por quê? Segundo Telê supõe a possibilidade de ser uma
homenagem indireta a Paul Dukas, autor do livro “O Aprendiz de
Feiticeiro”. E também supõe que Mário pode ter escolhido a palavra ao se
sentir “aprendiz de turista”, tendo em vista que em sua vida
conturbada, o turismo era algo difícil e quase irrealizável.
Faltava um livro que permitisse aos apreciadores da História e da Literatura viajar numa iconografia mais ampla.
Como
bem escreve alguém do Safra “... O Turista Aprendiz” é o Fotógrafo
Aprendiz de kodak em punho, no exercício de sua arte. Geometriza,
procura planos, não teme o close, a figura de costas; estuda a luz,
imprime o humor nos instantâneos…”.
Interessantes
são as sombras do próprio Mário de Andrade em algumas fotografias, numa
espécie de assinar a autoria da imagem. Inclusive uma dessas
fotografias ele legendou como “Sombra Minha/ Santa Tereza do
Alto/I.I.28). Está na capa do álbum.
Pois
bem, aqui nas plagas potiguares ele registrou o portal de entrada da
casa do seu cicerone-mor. Nem precisa mencionar o nome do “Príncipe do
Tirol”. Captou? E com ele viajaram em vários lugares do estado: São José
de Mipibu, Cunhaú, Macau, Belo Jardim, Papary… Inclusive fotografou a
Casa de Câmara e Cadeia de Mipibu, hoje só em fotografia (a ignorância é
um câncer!), e daqui partiu para “turistar” em vários estados… (L.C.F.
12.2.24). OBS. A última fotografia traz uma das imagens em que aparece a
sombra de Mário de Andrade. SEGUEM ALGUMAS FOTOGRAFIAS, ABAIXO:
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