Padre Joaci - esse sacerdote - na minha insignificante opinião - marcou (espiritualmente) Nísia Floresta. Não sei traduzir em palavras, mas sentia uma leveza, uma profundidade humana inexplicável... coisa rara. Ele emanava uma paz, uma superioridade espiritual incompreensível. Afora esse detalhe, possuía uma vasta cultura e discorria em diversos idiomas.
MENSAGEM
“A
ÁFRICA NO CAMINHO DE UM PADRE – NO DIA DA SAUDADE”
Hoje
é oficialmente o DIA
DA SAUDADE,
conforme o calendário de datas comemorativas.
Há
muitos e muitos anos diversas nações européias e até mesmo de
outros Continentes invadiram a África e roubavam pessoas, como se
elas fossem mercadorias. Esses invasores, dentre eles os portugueses,
ignoravam que os africanos pertenciam a uma civilização adiantada,
tal qual a européia, como nos diz o Irmão Marista Eduardo D’Amorim,
em seu livro “África: Essa mãe quase desconhecida”, o qual
estudou essa nação.
Há
quase 500 anos o Brasil recebeu milhares de africanos, trazidos pelos
portugueses, os quais eram considerados quase animais irracionais,
pois propagavam que os negros não tinham alma, não pensavam e eram
quase bichos.
Esses
europeus eram tão truculentos que sequer imaginavam que alguns
africanos que eles arrancaram à força da África, eram Reis,
Rainhas e Princesas africanos, os quais possuíam uma cultura
diferente da deles, mas adiantada e organizada.
O
tempo passou e a África sofreu sucessivos saques humanos. Muitos
europeus iam para a África pelo simples prazer de caçar.
Eles
matavam os animais e deixavam no local, muitas vezes sequer retirando
o couro, o marfim ou outra parte dos animais, conforme ocorreu até
pouco tempo, onde quase dizimaram os elefantes (para retirar o
marfim), os tigres, leopardos, leões e as onças (para tirar dentes
e pele).
A
África permaneceu muito tempo injustiçada e vista de forma
preconceituosa. Alguns países desse Continente conseguiram superar
as seqüelas dessas e outras injustiças que sofreram, como também
guerras e revoluções. Eles levantaram a cabeça e se reergueram. No
entanto alguns países africanos vivem atualmente abaixo da linha da
pobreza. São miseráveis, sem casa, sem trabalho e sem comida.
Muitos
são aidéticos e, além de morrerem de fome, morrem em conseqüência
dessa terrível doença. Se não fosse alguns órgãos e instituições
de direitos humanos e religiosos, alguns países africanos estariam
em situação pior. Quem sabe até nações inteiras dizimadas.
No
que se refere a interferência da Igreja Católica naquele país, o
objetivo, além de levar-lhes o alimento da palavra de Deus,
educação, noções de saúde, higiene e cidadania, é também
servir de instrumento de organização para distribuição
democrática de alimentos, pois é grande o números de africanos que
morrem diariamente de fome.
É
para esse Continente que estamos enviando, hoje, dia 30 de janeiro de
2011, coincidentemente o DIA DA SAUDADE, o nosso amado Padre Joacir,
que tanto contribuiu para a formação cristã do povo de Nísia
Floresta.
A
impressão que se dá, não fosse uma feliz coincidência, é que
escolherem essa data para configurar que realmente a saudade será
grande. Será impossível não sentir saudade de um pastor que semeou
a palavra de Deus de uma forma especial.
Há
muito que nós paroquianos precisávamos sentir a nossa fé aquecida.
E isso ocorreu de forma natural, com a chegada do padre Joacir, um
catarinense despojado, de farta cabeleira mesclada entre fios negros
e brancos, homem simples, de voz mansa, dono de um estilo muito seu
de presidir uma celebração: movimentos rápidos, gestos peculiares,
homilia clara, objetiva, mas forte e tocante.
Tivemos
a graça de tê-lo, primeiramente com o padre Inácio, depois com o
padre Lenilson, e depois com o padre Fábio.
Nunca
a igreja de Nísia Floresta esteve tão bem servida: Três pastores
de Deus.
No
meio de nós o Frei Joacir
passou...............................................(colocar aqui o
tempo) e muito nos ensinou. Mas dentre todos os ensinamentos, o que
mais nos tocou foi um ensinamento que fluiu por excelência, sem que
o próprio padre percebesse: a simplicidade.
O
Frei Joacir talvez pense que não sabemos, mas somos conhecedores da
sua vasta intelectualidade, das cátedras que ocupou enquanto mestre
de renomados e famosos padres, enquanto aparentemente permanece
desconhecido, no silêncio de suas orações, guiado por Deus.
Preparado por Deus, pois Ele quer assim.
Hoje,
dia 30 de janeiro de 2011, Deus fez como fizeram os europeus há
quase 500 anos, mas de forma inversa e com sentido diferente: entrou
em Nísia Floresta e arrancou de nós o nosso pastor, o qual fará
viagem inversa.
Não
em navio negreiro.
Nem
mesmo num avião.
Mas
nas mãos de Deus, pois Ele o quer na África.
Muito
diferente do que fizeram os europeus há quase 500 anos, Deus está
arrancando do Brasil e levando para a África não um escravo. Mas um
pastor. Um homem de Deus.
Na
África ele não será escravizado, nem escravizará. Pelo contrário:
somará a outros religiosos da Santa Igreja Católica para quebrar os
grilhões que fazem dos nossos irmãos africanos escravos do
abandono, do desamor e da falta de dignidade em toda a sua plenitude.
Tudo
é do Pai. Tudo é como Deus quer.
Deus
sentiu que o trabalho do Padre Joacir foi cumprido em Nísia Floresta
e veio buscá-lo para que lá, junto aos nossos irmãos africanos,
ele possa desenvolver trabalho semelhante.
Sabemos
que precisamos de homens como o Frei Joacir em Nísia Floresta, mas
reconhecemos que somos ricos material e espiritualmente se comparados
ao nossos irmãos africanos que muito mais necessitam de um pastor
como ele.
Poderíamos
sentir muita tristeza e até mesmo chorar, se não tivéssemos a
certeza de que o Frei Joacir está sendo fruto dos desígnios de
Deus.
Olhemos
para a África e reconheçamos o clamor daquele povo.
Olhemos
para a África e sintamos felicidade por enviarmos pastor de tamanho
quilate.
Olhemos
para o Frei Joacir e desejemos que, na África, ele continue
alimentando almas com o que de melhor pode sair de um pastor: O
ENSINAMENTO DAS COISAS DE DEUS.
A
saudade será grande, mas muito maior é a felicidade de sabermos que
Deus o envia para quem mais precisa.
Estamos
curados. E as feridas da África estão abertas e precisam dos santos
remédios.
Obrigado
Frei Joacir por tudo o que fizeste por Nísia Floresta.
A
vossa estadia curta entre nós foi bastante para aprendermos muito.
Por
sermos humanos, poderemos sentir filetes de lágrimas descerem de
nossos olhos. Elas são fruto das coisas humanas, as quais,
diferentes das Divinas, nos faz frágeis e precisam ser perdoadas.
O
contexto do hoje e do agora nos emociona, mas, ao mesmo tempo nos
enche de felicidade, pois, como diz o próprio Deus: a Messe é
grande e precisa de operários.
A
África possui mais de 800 milhões de habitantes, enquanto o Brasil
possui apenas 190 milhões. A África possui 30 milhões de metros
quadrados, enquanto o Brasil possui apenas 8 milhões. A África
possui 2000 idiomas, enquanto o Brasil possui apenas um. A África
possui 50 países, enquanto o continente sul-americano possui apenas
13, dentre eles, o Brasil.
É
para lá que vai o nosso amado frei Joaci,
Resta-nos
dizer-lhe: Deus o abençoe!
Luís
Carlos Freire
Nísia
Floresta, 30 de janeiro de 2011
(mensagem lida por Ana Cristina)
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